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O trabalho de Maria de Melo integra algumas das grandes correntes teóricas do campo de conhecimento da atualidade.

a) Linha Reichiana

Foi Wilhelm Reich, um dos mais destacados discípulos de Freud, quem percebeu que a forma corporal revela o movimento estrutural da psique. Ombros curvados, com tensões crônicas, por exemplo, revelam algo importante sobre a história da pessoa e sua postura diante da vida. O campo inicial de sua vida a oprimiu de alguma forma, a obrigou a fechar-se em si mesma, numa postura de autoproteção. Neste sentido, o psicoterapeuta deve aprender e ensinar o outro a ler o corpo, a compreender esta linguagem da forma e do movimento do corpo na qual se inscreve nosso jeito de ser, de estar na vida.

Reich introduziu no processo psicoterapêutico o trabalho direto com o corpo como um importante caminho de acesso ao psiquismo. E deixou claro que trabalhar com uma pessoa é também trabalhar com ela no nível energético.  Como seres vivos, somos seres energéticos e enxergar isto, levar em conta este fato, muda todo o processo de cura, permite a alavancagem do nível energético, e um consequente funcionamento com maior vitalidade. Tanto o diagnóstico como o tratamento dos problemas emocionais e mentais estão relacionados à quantidade de energia de cada organismo e de como ela flui ou se paralisa (fica bloqueada) ao longo do corpo.

Com essa má distribuição de nossa energia, algumas áreas do corpo ficam carentes, com pouca energia, pouca vitalidade. Neste sentido, o trabalho terapêutico torna-se uma redistribuição e aumento de energia, e isso implica autoconhecimento, liberação de emoções negadas, autoexpressão emocional e elaboração da autoimagem. Tudo isso leva a um processo de alavancagem em termos de mais consciência, de si e do entorno, do mundo; em outros termos, de ganharmos uma estrutura pessoal, psicológica (mental, emocional e física), mais rica, complexa, potente.

 

b) Orientação Sistêmico-energética

É um trabalho sistêmico-energético porque se baseia no conceito do ser humano como um sistema vivo e que segue a lei física da não-entropia – um processo de crescente complexidade da estrutura em direção a uma maior vitalidade.

A física moderna cada vez mais vai oferecendo instrumentos que nos facilitam a percepção da realidade de uma forma unificada. Este pequeno texto de Einstein nos dá uma ideia disso:

“Um ser humano é parte de um todo que chamamos ‘o universo’, uma parte limitada no espaço e no tempo. Ele sente a si próprio, seus pensamentos e emoções, como algo separado do resto – um tipo de ilusão de ótica da consciência. Para nós, essa ilusão é uma espécie de prisão, restringindo-nos a nossos desejos e afeições pessoais para com algumas pessoas mais próximas. Nossa tarefa deve ser a de nos libertarmos dessa prisão, ampliando nosso círculo de compreensão e compaixão, de modo que possa incluir em sua beleza todas as criaturas viventes e a totalidade da natureza.” 

A física quântica e a teoria dos sistemas têm dado subsídios de conceitos que reeditam a essência do pensamento de muitos cientistas importantes em psicologia e sociologia. Reich, Moreno, Jung.  E isso, permite um movimento de integração, de buscar nos fundamentos essenciais das diversas teorias aquilo que une e amealha todas elas. 

Saímos dos círculos fechados, das igrejinhas que separam, fragmentam o conhecimento e os seres humanos. Buscando em níveis mais profundos, encontramos a unidade.

A fala de Einstein, citada acima, aponta com muita precisão os objetivos não somente de uma psicoterapia, mas de um processo de espiritualidade: a evolução da consciência em busca de uma amplitude cada vez maior. Aí chamo, para exemplificar esta ideia, outro pensador importante – Sócrates: “Nem ateniense, nem grego, mas cidadão do mundo.”

Eu acrescentaria agora: nem ateniense, nem grego, nem cidadão do mundo, mas, – um ser universal. E aí chamo também São Francisco, e nos tornaremos irmãos da Lua, e também Fritjof Capra, um físico quântico famoso:  “Somos estrelas!”.

Há uma unidade fundamental. Evoluir, amadurecer como ser humano, é ir descobrindo e acessando novos níveis de consciência, novas fontes de energia, alçando voo em direção a uma vitalidade maior, a uma alma maior. “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”, nos diz Fernando Pessoa, agora também participando de nossa conversa. Se a alma é pequena, nossos problemas nos parecem sempre maiores do que nós, e nossos recursos serão então pobres, precários.

No entanto, isso tudo não significa que devemos deixar de lado nosso lado regredido, pequenino, medroso, imaturo, covarde e sei lá mais o quê! Muito ao contrário disso. A grandeza abraça tudo, não exclui. Precisamos, sim, é pegar no colo nosso bebê carente e cuidar muito dele, amá-lo, pois somente assim ele crescerá e participará com sua contribuição (muitíssimo importante) em nosso ser inteiro.

c) Ampliação da consciência – espiritualidade

A ampliação da consciência humana é um objetivo, uma direção a seguir. Nisto entram Reich, a sistêmica, a física quântica, que num nível mais profundo se integram numa mesma raiz. 

Quando falamos em níveis de consciência, a discussão se amplia. As janelas sob as quais olhamos a realidade podem ser infinitas: o corpo físico, emocional, mental, espiritual... 

Muitas realidades que se mostram à medida que temos condições de tocá-las. Ampliar nossa consciência é ampliar nossas possibilidades, nossos recursos.

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